Amadasi tridimensional

Mostra retrospectiva apresenta a partir de amanhã, na Casa Amarela, dez anos de trabalho do escultor

Alessandro Soares - Jornalista

Questões sociais e humanas percorrem a mostra Matéria Forma, Sentimento e Movimento , uma retrospectiva dos últimos dez anos de trabalho no Grande ABC do escultor argentino Ricardo Amadasi, radicado deste 1974 no Brasil e morador de São Bernardo do Campo. O recorte proposto para mostrar esta trajetória são os anos de 1996 à 2006 em 21 esculturas selecionadas por Amadasi e Paulo Barsotti, responsável pela curadoria na Casa Amarela. As obras, que misturam vários materiais em sua composição, estão instaladas no hall da entrada e em três cômodos no andar térreo do espaço cultural. Ilustram as fases do artista e suas obsessões. Densidade sustentada pela leveza da sensualidade e do romance. São duas singularidades na mostra em que saltam aos olhos a critica social, a denuncia sobre desequilíbrio econômico e os abusos contra os direitos humanos. São as vertentes abundantes na trajetória artística de Amadasi, no Grande ABC, onde atua hoje como assessor de artes plásticas da Secretaria de Cultura de Diadema.

Na sala a direita, os trabalhos recentes, Passagem de São Francisco e Cristo, ambos de 2006, são painéis instalados em paredes opostas. Outra obsessão do artista, a religião fundida ao paganismo. Na sala a esquerda da entrada, idéias abstratas e retratos sociais convivem lado a lado. Amadasi trata a realidade social como paisagem, como um impressionalista tridimensional. Quando se olha sua obra, em detalhes, desconforto e embaraço são algumas das sensações provocadas. Indiferença é a última delas.

Consulte Amadasi tridimensional - Diário do Grande ABC, 31 de maio de 2007. Trecho do texto de Alessandro Soares

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