A tradução do humano Luiz Roberto Alves A arte é lugar melhor para a tradução dos direitos humanos. Não para a sua discussão. Se discutir implica atualizar a racionalidade que lenta e circunstancialmente sobrepassou e sobrepassa o império da barbárie, traduzir é captar, imediatamente, todo o conjunto de sentidos que recoloca o homem/a mulher na linha sucessória do que é justo, belo e verdadeiro: seus direitos. Portanto, é impossível prosseguir com as discussões
sobre os direitos humanos sem que nossos olhos, bocas, mãos e todos
os sentidos se encontrem com a invenção artística.
Na invenção que a arte concretiza, os signos escapam às
matrizes discursivas – trabalhadas no universo político-institucional
– e refluem a um lugar primordial onde se vêem, se lêem
e se sentem os sinais concretos dos direitos e seus contrários.
1. O sentido irreversível da humanidade; A cada mirada encontra-se um ser humano, cujo contexto é a condição, também humana, ainda que dolorosa. Não há outros seres maiores, piores ou melhores do que nós. Somos e estamos condenados a nos encararmos. Aí a novidade desse humanismo, que tanto pode existir em Marsilio Ficino ou Da Vinci quanto em Sartre e no discurso dilemático do desempregado da globalização. Os seres que nascem da criação de Amadasi lançam libelos e fazem propostas contra o que não é digno; daí, contra o que é anti direito. Os direitos humanos nascem da conjunção do olhar que opta por confrontar-se, ou aceita fazê-lo, e nesse encontro-confronto descobre sentidos que configuram atitudes claramente humanizadas, ainda quando se encontram com o purgatório e o inferno das relações de poder na sociedade. Consulte Catálogo “Os direitos humanos nas esculturas de Ricardo Amadasi” – Santo André/SP – dezembro de 1999. Trecho do texto de Luiz Roberto Alves << Voltar |
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