Arte e exclusão social

Dalila Teles Veras

Os artistas plásticos Mariano do Amaral e Ricardo Amadasi, residentes no Grande ABC, vêm trabalhando há algum tempo sobre o tema da exclusão social. Esses estudos desembocaram no projeto Os Excluídos Sociais, cuja intenção vai além da simples preocupação estética, já que pretende discutir, pela ótica da arte, grandes temas da atualidade.

A crisis da arte, sabe-se, não é nova, arrasta-se desde o modernismo. No chamado pós-modernismo, os artistas chegaram a anunciar a morte da própria arte, incapazes que foram de dar um novo rumo para suas experiências, desnorteados entre aderir à produção industrial do sistema capitalista ou produzir uma “não arte”.
Ficaram com a opção de não criar permanência nem conteúdos, ou seja, a arte descartável ou do caos. Se, conforme preconiza Giulio Carlo Argan, em Arte Moderna (Cia das Letras, SP) “para além da linguagem, só há a existência”, será exatamente dessa existência que se retirará conteúdo da arte do próximo milênio, voltando a arte a possuir uma função dentro da sociedade.

Pensar dói e transforma. São muitos os exemplos de grandes artistas que usaram de seus pincéis e suas penas para denunciar as mazelas de seu tempo sem, com isso, serem panfletários. É o caso de Mariano e Amadasi, artistas de grande talento e pesquisadores sérios, que olham com olhos livres e críticos aqueles que a sociedade exclui e finge ignorar.

Consulte livro ”As artes do ofício, um olhar sobre o ABC” – Santo André/SP – junho de 2000. Trecho do texto de Dalila Teles Veras

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