Arte e o sistema: contraponto

Alexandre Takara, escritor e professor.

Não Esse pano de fundo da historia esteve presente o tempo todo, em Ricardo Amadasi , enquanto concebia e esculpia Mergulho uma obra de 2,80m de altura - um corpo dilacerado, vertendo sangue, de cabeça para baixo, numa posição de mergulho, dentro de um prisma retangular, representação de um sistema. O sistema é a própria sociedade, defendida por uma muralha como uma cidadela.

Com essa obra, Amadasi afirma que a tortura não acontece apenas em momentos de exceção, mas também no cotidiano das pessoas e da sociedade, de forma sutil e disfarçada e, por isso mais implacável e perigosa.

O homem torna-se máquina, coisifica-se, aliena-se. Submete-se à servidão voluntária. È aviltado e dilacerado. Um custo elevadíssimo porque nega o indivíduo em favor dos interesses do sistema. Estabelece-se a crise de identidade. Solidão e sofrimento. A vida é desprovida de sentido. O medo, um nervo exposto. É a banalização do mal.

Para Amadasi , salvar o homem é preciso. A liberdade é o ponto de partida porque, ela está vinculada ao destino. acontece que optar pela liberdade é correr riscos, é desesperar-se. E sua escultura Mergulho, capta com lucidez o caminho da salvação do homem.

Consulte Catálogo “Os direitos humanos nas esculturas de Ricardo Amadasi” – Paço Municipal - Prefeitura de Santo André/SP – novembro de 1999.

Trecho do texto de Alexandre Takara

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